A vida anda tão dura, as pessoas tão insensíveis e intocáveis que às vezes me pergunto se sendo eu mesma eu vou conseguir. A gente termina ficando meio confusa mesmo em meio a tanta desorganização. O que eu queria era mostrar tudo que eu tenho de melhor, queria não só mostrar, queria ver, ouvir, sentir. Mas as pessoas não permitem, não se permitem, e coisas bonitas agora são mais difíceis, todos estão muito ocupados para tal, queria tremer sem medo, queria rir sem ter que me conter, queria chorar abraçando as pernas, queria até dizer aquele moco ali o apreço que tenho por ele e o quanto ele faz falta, e viver nessa leveza de ser e sentir. Essa rotina de personagens me esvazia, e eu acabo perdendo um pouco do que seria mais importante. A gente se torna egoísta mesmo, alias e do homem ser individualista, imbecil, estéril de bom senso, e ter essa mania feia de não criar laços muito fortes, daquela coisa bonita que ate se vê em filmes, e, ainda assim e se tornam aparentemente realizados, que, afinal, é o que mais importa , ne? Se não, para que todo o esforço a não ser pela aparência que causa.
Eu me permito, sabe ? é, me permito mesmo, e quero continuar me permitindo sempre, todos os dias, e viver dessas permissões todas, ir ao campo nos fins-de-semana, longe de todos esses artistas, tocar violão, encontrar gente que gosta de gente, sentir o cheiro das flores, do mato, e do lagozinho que fica atrás daquela casinha que eu acho linda, e que sempre me faz ouvir "casinha branca" na voz da Bethânia, porque o meu tempo livre é precioso demais pra gastar com shoppings e trânsitos, é que eu venho descobrindo nesses dias que o bonito da coisa não é poder tocar na coisa, mas senti-la e não sendo eu mesma eu me perderia no caminho, e se perder as vezes pode não ter volta, por isso, entenda; o bonito esta perto, fica bem aí. Do lado de dentro.
[Priscis]
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